Quase 30 dias de greve e a intransigência do prefeito Firmo Camurça, reforçada pela Câmara de Vereadores, continua sem dar sinais de trégua. Os professores chegaram cedo para acompanhar a sessão na Câmara, nesta terça-feira (31), novamente na tentativa de sensibilizar o poder legislativo a mediar o conflito, mas desta vez não tiveram direito à voz. A sessão foi encerrada de forma abrupta e os professores entenderam a atitude como um ato de total covardia, que só demonstra a conivência da casa em não querer dar um basta nesta greve, atendendo aos anseios da categoria.
Sobre o encerramento da sessão após apenas 30 minutos de trabalhos, o professor Cícero Avelino conta que o legislativo deve se sentir responsabilizado pela greve, já que foram eles que aprovaram o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração de forma que se apresenta, ou seja, sem aplicabilidade porque está condicionado Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Uma atitude dessas, é um ato de covardia. Esses vereadores não representam a nossa categoria e estão mais preocupados em atender às vontades do prefeito”, comenta.
“Se o PCCR está em vigor, como afirma o prefeito Firmo Camurça, por que os professores estão em greve?”, pergunta a presidenta Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Vilani Oliveira.
Com base nos dados levantados pela auditoria externa que foi contratada pelo Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema), a também dirigente do sindicato contesta o limite prudencial da LRF de gastos com pessoal, já que nos dois últimos quadrimestres, houve um crescimento de 7,35% da receita do município. Somente este ano, a prefeitura contratou 1.912 pessoas, o que trouxe um impacto de 7,5% na folha de pagamento.
“O número de número de cargos comissionados é absurdo. Para cada três servidores, apenas um é concursado. Não são funcionários fantasmas porque eles existem, só não fazem é trabalhar. Sabemos onde encontrá-los no horário em que deveriam estar trabalhando. Tem até comerciantes e donos de lojas na folha de pagamento. Essas pessoas estão ganhando o que é de direito dos concursados do município, que reivindicam ascender na carreira”, aponta.
Ocupação da Câmara com assembleia
O ato do dia cresceu e culminou em ocupação da Câmara. Em regime de acampamento, os professores almoçaram e se reuniram em assembleia, na parte da tarde. Após as várias propostas apresentadas, a categoria deliberou pela continuidade da greve e pelo acampamento no prédio público.
“A luta é minha! É do Suprema! É de todos! Fico arrasada quando os professores comparecem às assembleias, votam pela continuidade da greve, mas no dia seguinte voltam para as salas de aula ou não participam dos atos. Precisamos provar para este prefeito que não recuaremos até conseguirmos a vitória”, destaca a professora Elsa Sales.
Por outro lado, Joana Ferreira, presidenta do Suprema, esclarece que a categoria está aberta à negociação. “Nós aceitamos que a implantação do PCCR seja gradativa, dissemos isso na audiência de conciliação e esperávamos sensibilidade do prefeito. Mas o desdém com o qual fomos tratados acabou nos empurrando para a radicalização do movimento e por isso estamos aqui acampados e assim permaneceremos até que haja negociação que contemple a nossa reivindicação”, finaliza
Agenda de lutas
01.11 (quarta-feira) – Acampamento permanece na Câmara de Maracanaú;
06.11 (segunda-feira) – Ato no Ministério Público do Ceará para denunciar as irregularidades nas contratações comissionadas da prefeitura, às 8 horas;
07.11 (terça-feira) – Ato em frente ao gabinete do prefeito, às 8 horas;
08.11 (quarta-feira) – Ato na Secretária de Educação Prefeitura
Fotos: Marcos Adegas