Ocupação da Câmara de Maracanaú entra no segundo dia

 

Nem o calor, o desconforto, o carpete sujo ou a multa de 10 mil reais diária para o Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema) pela permanência na greve impediram a Ocupação da Câmara de Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, pelos professores em greve. Munidos de colchonetes, lençóis e ventiladores, porque o ar condicionado da Câmara fora desligado, os professores pernoitaram no prédio público de maneira improvisada, mas o ato era de total resistência.

O desfecho da noite animou os professores. Gildete Granja, de 27 anos, professora que aderiu ao movimento paredista desde o início, no dia 03 de outubro, garante ter espírito de luta suficiente para permanecer na greve pelo tempo necessário. “A consciência de classe é o mais importante neste momento, isso é o que garante a resistência às ameaças do prefeito. Queremos nossos PCCR e vamos permanecer acampados até que ele saia”, garante.

Não é o cenário conhecido como sala de aula, mas a cidadania e a democracia estão sendo ensinadas diariamente à população maracanauense. Mesmo coagidos e ameaçados pelo prefeito Firmo Camurça a não receberem os salários de outubro, os professores permanecem resistentes e recobram as forças diante desta medida. Estudantes, pais e mães já passaram pela ocupação, se misturando aos grevistas, fazendo coro e cantando animados: “E da-le greve! E da-le greve! PCCR já!”.

Evilênia Gaspar, de 27 anos, votou na assembleia realizada na tarde desta terça-feira (31) pelo fim da greve, mas como venceu por ampla maioria o sim pela continuidade, ela continua na greve. “Vivemos em uma democracia. Eu votei pelo fim da greve porque tenho medo de perder o meu emprego, não quero complicação com a justiça, mas eu não posso deixar de acatar a decisão da maioria, por isso continuo no movimento até que este conflito seja resolvido”, comenta.

Movimentos de esquerda, entidades sindicais e políticos têm prestado solidariedade à greve dos Professsores de Maracanaú, considerada a maior greve urbana do Ceará, num momento em que as demandas populares desapareceram da pauta nacional. Os profissionais de Educação cobram a implantação do PCCR pela valorização da profissão e por uma educação de qualidade no município. Além da resolução do precatório do Fundef, a retirada das licenças-prêmios, negação da redução de carga horária por tempo de serviços.

O movimento paredista de Maracanaú começa a repercutir na imprensa local, fato que desagrada ao poder público, e talvez isso tenha a ver com a notificação que o Suprema recebeu esta manhã do Ministério Público do Ceará, por meio da Promotoria de Tutela Coletiva da Infância e Juventude, Educação, Idoso e Pessoa com Deficiência de Maracanaú a comparecer à audiência, no dia 08/11, às 10h, no prédio do Decom do município, para tratar sobre a greve dos professores.

“Essa medida é positiva para a greve. Isso demonstra o interesse da justiça em por fim à greve. Só quem não está disposto a ceder é o prefeito, que já afirmou que não fará cortes  nos cargos comissionados para implantar o PCCR dos professores. Estamos tentando antecipar a data da audiência e esperamos que o prefeito compareça desta vez”, esclarece Joufre Montenegro, assessor jurídico do Suprema.