A manchete de todos os veículos de comunicação do Brasil deveria ser “Professoras(es) morrem por covid-19 após retorno às aulas presenciais na rede privada de ensino”, porém o que se vê é o acobertamento de todo o conglomerado da mídia brasileira para as mortes deste público, que não deixou de trabalhar um só minuto na pandemia, e ainda teve que se reinventar para dá conta de aulas remotas, sem suporte, na gigantesca maioria dos casos.
Relatos dão conta de que os falecidos são simplesmente substituídos sem o menor remorso pelos donos de grandes redes de ensino privado. E são essas mesmas pessoas, lideradas pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa do Ceará (Sinepe) que pressionam o Governo do Estado a acabar com as medidas restritivas de combate à pandemia nas escolas, e jogar as(os) professoras(es) numa espécie de matadores, porque não dão a mínima importância à vida destas/es trabalhadoras/e, quando exigem aulas presenciais sem vacina.
Dando anuência à desordem, a Juíza Cleiriane Lima Frota, da 3ª Vara da Fazenda Pública, atendendo a Ação Popular mobilizada pelo grupo de mães “Escolas Abertas Ceará”, proferiu decisão na manhã desta quinta-feira (20), determinando o retorno das aulas presenciais do ensino médio no Ceará, sob a justificativa de que para as outras idades já havia a liberação.
Em Maracanaú, diante do cenário tenebroso, o Sindicato dos Profissionais em Educação do munícipio (Suprema) realizou pesquisa com a gestão das escolas da rede pública para identificar o índice de contaminação destas/es profissionais, já que as escolas permanecem abertas, apenas a parte administrativa, e funcionando em formato de rodízio.
A pesquisa foi realizada no grupo de Whatsapp Gestores e Suprema e obteve 40 respostas. Destas, 25 pessoas contraíram a covid-19 (62,5%), enquanto 15, não (37%). Das 25 pessoas diagnósticas com a doença, 15 apontaram que contraíram na chegada da segunda onda, em março de 2021, enquanto 10, foram contaminadas ainda em 2020.
Para terem certeza da enfermidade, 26 pessoas realizaram testes, por conta própria, é bom ressaltar. Já as 14 restantes, não realizaram, o que é grave, considerando que todas tiveram contato com os doentes. Se, além disso, essas pessoas se encontrarem assintomáticas, ocorrerá subnotificação, outro fator de grande preocupação no país acerca dos casos. Por isso, é imprescindível que a prefeitura forneça testagem às/aos profissionais que estão trabalhando de forma presencial.
A realização do teste rápido para covid-19 é uma das formas mais eficazes de controlar a pandemia, porque também identifica os assintomáticos. Embora eles não sejam as únicas alternativas para diagnóstico da doença, são essenciais para se ter um conhecimento mais real sobre o verdadeiro índice de infectados. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o combate ao novo coronavírus deve incluir o maior número possível de pessoas testadas ao redor do mundo.
Para finalizar, 35 pessoas afirmaram conhecer, pelo menos, uma pessoa vítima da covid-19. De acordo com levantamento de óbitos feito pelo Suprema, 13 profissionais da Educação faleceram entre 2020 e 2021, e destes, 6 estavam trabalhando no sistema de rodízio exigido pela prefeitura de Maracanaú, seja nas escolas ou na Secretaria de Educação. Ou seja, a circulação de pessoas é sim o maior risco de contaminação da covid-19, porque não há protocolo sanitário 100% seguro, e no mínimo descuido alguém pode perder a vida.
Diante dos números Suprema reafirma o seu compromisso com toda a comunidade escolar e reitera que não é momento de retorno. Em defesa da vida, aulas presencias só com, pelo menos, 70% da população completamente vacinada.