Greve dos professores continua e já atinge quase todas as escolas de Maracanaú

Dia dos professores: nada a comemorar na Educação de Maracanaú. Uma data cheia de importância e que neste momento reflete uma oportunidade para se discutir todas as incoerências trazidas com ela – o professor luta, hoje em dia, por salários justos e respeito por sua categoria, sobretudo num cenário de desmonte dos direitos e da Democracia. Este foi o espírito do ato realizado na manhã desta segunda, 16 de outubro, em frente a secretária de Educação.

Contrariando a afirmação do prefeito Firmo Camurça, havia bem mais que apenas 250 professores, além da população que também apoia a greve. Talvez esse comportamento se dê pelo fato do papel libertador da educação. A sala de aula não pode ser um lugar de reprodução do preconceito, mas sim de libertação! E isso os professores de Maracanaú tem ensinado nas ruas, durantes esses 14 dias de paralisação.

“Tudo faz parte de um golpe jurídico-midiático que tomou conta do país, mas nós vamos mostrar ao prefeito de Maracanaú que somos mais fortes. Temos vontade de sobre para resistir e lutar”, ratifica o professor Antônio Sombra.

Durante duas horas, o ato dos professores paralisou o trânsito do centro de Maracanaú, depois saiu em carreata até o Fórum para denunciar à população que a justiça nesse município tem lado, e não é o dos trabalhadores. Uma audiência de conciliação num caso de greve, considerando os transtornos causado a todos os envolvidos, deveria ter maior celeridade da justiça para resolver o impasse, porém a conciliação dos professores foi marcada para o dia 30 de outubro, numa tentativa clara de enfraquecer o movimento e acuar os professores, que já estão ameaçados com o desconto em folha por cada dia de paralisação. Em contrapartida, a assessoria jurídica do Suprema está tentando antecipar a data da reunião.

Participação na Câmara de Maracanaú

Enquanto isso, os professores foram até a Câmara de Maracanaú na tentativa de inserir na agenda da casa uma pauta sobre o PCCR, mas se depararam com uma votação da liberação de uma verba para instalação de uma Upa no Bairro Acaracuzinho, um grande anseio da população do município. Os vereadores votaram contra a instalação. A categoria não aceitou a decisão e fez protesto. A sessão foi encerrada para que os vereadores recebessem a categoria, porém nenhum político foi encontrado.

“Como é que nós podemos ser a favor de uma pauta dessas. O município precisa de uma UPA, isso é um anseio antigo da população. Lutamos por uma Educação de qualidade aqui, mas a saúde é outro aspecto da nossa luta porque somos compromissados com o município”, ressalta o professor Alcy Martins.

Descaso com a Educação do Município

Ainda sobre a reunião da semana passada, entre o prefeito Firmo Camurça e os professores. A presidenta do Suprema, Joana Ferreira, sabendo que o planejamento de 2018 do município será votado em novembro, pediu que o PCCR do Magistério fosse incluído no orçamento, mas o prefeito disse não, o que só reforça a falta de prioridade com a categoria.

Todos os dias aparecem depoimentos da situação de calamidade com a qual vem sendo tratada a educação do município. O caso do professor Lira, da Escola Napoleão Bonaparte, conta que levou seus alunos para o Maranhão representando o município, como forma de incentivá-los à iniciação cientifica e a prefeitura não liberou verba para custear a viagem. A escola teve que se desdobrar para conseguir bancar os gastos que totalizou em mais de 4 mil de reais.

“O que nos deixa mais triste é que a nossa escola foi a terceira colocada na competição, o que garante a participação na olimpíada que será realizada em Recife no final do ano, mas como as verbas do município para este tipo de atividade foram canceladas, pelo visto não teremos como participar”, lamenta o professor.