Camilo Santana propõe pacto nacional pela educação para superar ‘tempos sombrios’

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Quando tomou posse formal na última segunda-feira (2), o ministro da Educação, Camilo Santana, propôs um “pacto federativo” pelo ensino após o que ele chamou de “tempos sombrios” e de abandono. “O Brasil foi negligenciado nas mais diferentes áreas. Priorizar a educação do nosso povo foi tratado como subproduto. O mais grave foi isso ter ocorrido justamente em um dos momentos mais difíceis da história, durante a pandemia. Quando mais a educação precisou de apoio, mais foi esquecida”, afirmou o ex-governador do Ceará.

O estado de origem do agora ministro vem obtendo bons resultados na área da educação – a ex-governadora Izolda Cela será a secretária-executiva do MEC. Camilo Santana citou alguns indicadores e citou o antecessor, Cid Gomes, hoje senador, pelas políticas educacionais. Ele também homenageou a professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Magda Becker Soares, conhecido nome de alfabetização no país, que morreu ontem (1º), aos 90 anos.

Camilo citou dado sobre evasão escolar e disse que nos últimos anos cresceu em 66% o número de crianças de 6, 7 anos que não sabem ler e escrever na idade certa. “Apenas uma a cada três crianças são alfabetizadas na idade certa. O que provoca graves repercussões na sequência da vida dessas crianças. Se impõe uma prioridade absoluta em nosso país, para garantir a alfabetização de todas as nossas crianças na idade certa.”

Trabalho coletivo e viés ideológico

Ao propor um “pacto federativo pela educação”, o ministro afirmou que quase metade dos estudantes do ensino básico é atendida pelos municípios e um terço, pelos estados. O trabalho é coletivo, “pactuado”, mas depende de decisão política, lembrou.

Ele também defendeu a ampliação do acesso dos professores à tecnologia e à conectividade. “Nos dias atuais, não há como se pensar em educação sem o auxílio da internet”, comentou, apontando “disparidades estaduais”.
Além da educação básica, é necessário “fortalecer o ensino superior, tão maltratado nos últimos anos”, afirmou o ministro da Educação, para quem as universidades foram alvo de visão “distorcida e de viés ideológico”. Ele disse ter como objetivo “reforçar” o orçamento para o setor e manter diálogo permanente com universidades, institutos federais, organizações, estados e municípios. “Para construirmos um no Plano Nacional de Educação (o atual vai até 2024). Um plano que seja projeto de estado e não de governo, que garanta uma visão sistêmica, integrada.”

Entre ações que considerou mais urgentes, o ministro disse ter determinado um estudo para retomada de obras de creches, escolas e outros equipamentos paralisados. “Faremos de imediato um plano para recuperar a qualidade da merenda escolar nas escolas públicas de todo o país”, acrescentou, prometendo ainda valorizar os professores, a quem homenageou durante a cerimônia. Ele também falou dos avós professores e terminou citando o educador Paulo Freire: “Os homens se libertam em comunhão”.