Pesquisa revela que pais e alunos temem o retorno às aulas presenciais em Maracanaú

Um professor da rede pública de Maracanaú, que prefere não ser identificado, diante da polêmica e da iminência do retorno das atividades presenciais nas escolas da mesma rede, realizou, por iniciativa própria, pesquisa com pais e alunos em duas escolas onde trabalha, acerca da segurança da população em meio à pandemia de covid-19.

Das nove perguntas constantes no questionário do docente, em que aborda diversos aspectos sobre o risco de contrair a doença causada pelo novo coronavírus, 75% das pessoas que responderam dizem ter medo de sair de casa com um vírus ainda pouco conhecimento no mundo e sem vacina para a doença.

Questionados sobre a segurança em retornar às aulas presenciais em meio à pandemia, 77% dos pais julgam que NÃO há segurança para o retorno das atividades presenciais, enquanto 75,4% dos alunos também responderam NÃO. Ou seja, há a percepção na comunidade escolar de que não é hora de retomar.

Porém, segundo o professor que elaborou a pesquisa, a preocupação da gestão das escolas e da Secretaria da Educação é apenas com o cumprimento das tarefas diárias.

Baixa frequência nas aulas on line 

A pesquisa ainda revela que os pais e os alunos de Maracanaú temem sair para qualquer espaço que aglomere pessoas, como restaurantes, estádios, feiras, shoppings. Mas o que choca mesmo é a quantidade de respostas. Das 11 turmas abordadas nas duas escolas, apenas 61 respostas em uma e 37 na outra, num universo de 341 alunos, sem mencionar os pais. O que significa dizer que é o mesmo número de alunos que participam das aulas e/ou entregam as tarefas, o que representa uma média de 30% de participação nas aulas.

Ao que foi exposto, este sindicato pergunta: a que preço estão sendo mantidas estas aulas? Qual a qualidade da educação para o público mais carente? Qual o retorno para o professor que se esforça para inovar e ajudar seus alunos durante as aulas on line?

É bom que se diga, que a alta evasão nas aulas on line já foi denunciada pelo Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação no Município de Maracanaú (Suprema) em várias ocasiões e agora com dados comprovados.

Enquanto isso, já se sabe de medidas em outros estados para minimizar as desigualdades entre alunos da rede pública, como a doação de chips de dados para que as aulas possam ser acessadas. E em Maracanaú, o que pode ser feito neste quesito? Não dá para agir como se nada tivesse acontecendo, como se as aulas estivessem chegando a todos os alunos.

Pesquisa Datafolha

Nesta mesma semana foi divulgada pesquisa nacional do Datafolha, que aponta que 90% dos pais ou responsáveis, na Região Nordeste, preferem a continuidade das aulas remotas, além de 72% dos entrevistados responderem que têm muito medo que os alunos sejam contaminados pelo vírus.

Aulas presencias só com segurança

O Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema) reafirma o seu compromisso com toda a população de Maracanaú, sobretudo a escolar. A entidade já lançou campanha para o retorno das aulas presenciais apenas em 2021 e esta bandeira vem sendo levantada também pelos órgãos competentes, devido à preocupação com o aumento da covid-19 no Brasil.

“Endossamos o retorno das aulas presenciais apenas em 2021, com a manutenção das aulas on line, mas reforçamos que elas não podem caminhar da maneira que se encontram. A prefeitura precisa olhar para quem não está assistindo as aulas, saber o motivo de tão grande ausência”, destaca Joana Ferreira, presidenta do Suprema.