Nono dia de greve da Educação de Maracanaú: prefeito debocha da categoria

Apesar do belo sarau montado e da grande quantidade de participantes, a frustação permeava o nono dia da greve dos professores de Maracanaú, no dia 11 de outubro, em frente à prefeitura do município. O motivo foi a contrariedade ao encaminhamento dado na reunião no dia anterior na Câmara, entre vereadores e a comissão da Educação. O vereador Lucinildo Frota, líder do governo, ainda não havia retornado com o horário marcado em que o prefeito Firmo Camurça receberia a categoria para negociar.

“Estamos frustrados, mas resistentes e principalmente esperançosos de que o prefeito terá sensibilidade em atender as nossas reivindicações, e o nosso PCCR será implantado da maneira que deve ser”, comenta o professor Rodrigo Gonçalves

A categoria entende o comportamento do prefeito como uma forma de vencê-los pelo cansaço, mas os profissionais da educação demonstram muita firmeza e disposição para lutar pelos seus direitos, que vem sendo sonegados a toque de caixa. Parte da disposição para a luta vem do apoio da população de Maracanaú ao movimento paredista.

Ilegalidade da greve

A presidenta do Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú – Suprema, Joana Ferreira, foi notificada da ilegalidade da greve pela justiça, em plena sessão na Câmara de forma truculenta pelo oficial de justiça. Toda a categoria presenciou a cena, sem bem entender o que estava acontecendo. O prefeito pode estar se agarrando a este fato para manter-se insensível a causa dos trabalhadores, do ato da intransigência.

Por outro lado, o advogado Joufre Montenegro, assessor jurídico do Suprema, questiona a celeridade na decisão da sentença, dada pelo Des. Paulo Francisco Banhos Ponte, do Tribunal da Justiça do Ceará, com base no Princípio da Igualdade. “Há uma diferença enorme de tratamento entre a justiça para os pobres e para os poderosos. O Princípio da Igualdade só está na Constituição Federal, não existe na Justiça Estadual, principalmente em Maracanaú”, denuncia o advogado.

Como base nos atos, Montenegro aponta a cronologia do processo:

03/10 – Os professores iniciam o primeiro dia da greve;

04/10 – O Desembargador do Tribunal da Justiça do Ceará declara a ilegalidade da greve;

09/10 – O Juiz de primeira instância Augusto César da 2ª vara cível de Maracanaú expede Mandado de Intimação às 15h23. Às 16h25 o oficial de justiça já estava com o mandado em mãos para notificar o Suprema;

10/10 – A presidenta do Suprema é intimada.

A pena aplicada pela sentença é de 10 mil reais por dia de permanência na greve para o Suprema e de desconto em folha por cada dia não trabalhado dos professores.

O sarau segue pela tarde à espera do prefeito

O sarau seguiu pela tarde. Após o almoço, a categoria preparava-se para uma caça ao prefeito quando foi informada que o gestor receberia o comando da greve para conversar, às 18h, em seu gabinete.

A noite caiu. O prefeito recebeu a categoria, ao lado do Secretário de Educação, de alguns técnicos da prefeitura e do vereador Lucinildo Frota. Após duas horas de reunião, não houve nenhum encaminhamento. Ele não cedeu em nada. Em tom de deboche, o gestor público conduziu a reunião, informaram os professores. Sem apresentar explicações plausíveis ou pedir um prazo para apresentar um estudo das contas para sair do limite prudencial com gastos de pessoal, o prefeito finalizou a reunião afirmando que não vai implantar o PCCR do Magistério, mesmo que de forma gradativa.

A categoria responde que não volta aos seus postos de trabalho até o PCCR ser implantando, e aguarda a data da audiência de conciliação, marcada para o dia 30 de outubro, numa tentativa descarada de enfraquecer o movimento dos trabalhadores da educação.

“Às vésperas do dia dos Professores, data de saudar e homenagear a classe que mais contribui para a formação de cidadãos críticos neste País, o prefeito Firmo Camurça recebe a categoria, nas pessoas representantes do SUPREMA – Sindicato dos Professores de Maracanaú – para zombar e usar de chacota da Greve geral e Legítima dos Professores de Maracanaú! Queremos dizer Sr. Prefeito Firmo Camurça que não somos só 250 professores em greve. Somos muitos mais! As paralisações, os vídeos, as fotos, às assembleias mostram isso. Sozinho, acuado, com medo, desesperado está vossa senhoria! Nossa luta está só começando! Provaremos que Maracanaú não é uma República dentro de outra. Não é terra de Ditador! No mais, aos nossos alunos e pais quero lhes dizer que a greve continua! E quando nossos direitos forem implantados, retomaremos nosso trabalho com a excelência de sempre”, desabafa a professora Edna Soares

A categoria não arreda o pé

A diretoria do Suprema ficou estarrecida com o comportamento do prefeito, que fez pouco caso do movimento paredista, afirmando que apenas 250 professores aderiram à greve, quando os vídeos e as fotos divulgados na página do Sindicato provam o contrário.

“Suspendemos o acampamento após às 20h. Lamentamos o comportamento do prefeito, que fez pouco caso da nossa greve, mas a greve continua e na segunda-feira vamos ao fórum denunciar as artimanhas do desembargador e do juiz e dizer que a justiça tem lado nesse município e não é o dos trabalhadores. Os professores que já trouxeram muitos prêmios para este município estão muito tristes, mas já afirmaram que só arredam o pé quando o PCCR foi implantado”, desabafa Vilani Oliveira, Secretária de Formação e Política Sindical do Suprema.

A presidenta do Suprema, Joana Ferreira, também manda o seu recado ao prefeito e reforça que a categoria mantenha o espírito de unidade e resistência. “Infelizmente o prefeito não nos respeita, não tem boa vontade. Há mais de 4 anos estamos trabalhando para que esse plano seja implantado e nada avança aqui. Então, a guerra agora é que vai começar”.

A agenda da greve continua na segunda (16), em frente à Secretária de Educação, às 8 horas.