“Repentinamente, nós, os professores e as professoras, viramos os grandes vilões do Brasil que precisam ser vigiados, denunciados e escrachados publicamente”.
Diante desta afirmação, o Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema) vem a público repudiar toda e qualquer tentativa de ataques à Educação Brasileira, que segundo Paulo Freire deve emancipar e libertar.
Especificamente neste momento, a sociedade se depara com dois pontos cruciais em que os professores são acusados de “doutrinadores”. De um lado o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e a deputada estadual eleita pelo PSL de Santa Catarina, Ana Carolina Campagnolo, e na outra ponta, aproveitando a eleição de Bolsonaro, encontramos a eminente votação do Projeto Escola Sem Partido, que fora adiada por pressão de manifestantes, pela Comissão Especial da Câmara, puxada pelo deputado Flavinho (PSC-SP).
Como se já não fosse suficiente a orientação para que os alunos filmem os professores no exercício da profissão, sugerida pelo recém-eleito presidente, e a criação de um canal de denúncia contra os professores, intitulados como doutrinadores, pela deputada catarinense, a Proposta da Escola Sem partido prevê a afixação de cartazes, em tamanho padrão A4, nas escolas, com seis tópicos comportamentais para os professores, chamados de “Deveres do Professor”.
Só para citar o teor do conteúdo, um dos tópicos diz que “ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa — isto é, com a mesma profundidade e seriedade —, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria”, como se a Escravidão no Brasil, por exemplo, tivesse duas versões com o mesmo peso.
Diante de todo esse ataque ao exercício profissional do Magistério, que afronta à Constituição Federal, em seu Art. 206 e que é reforçado na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, em seu Art. 3º, no que tange à Liberdade de Cátedra, como um direito fundamental dos professores em sala de aula, sem o qual eles não teriam como divulgar o saber livremente e formar cidadãos para além dos conteúdos curriculares, o Suprema considera inadmissível toda essa perseguição arbitrária ao corpo docente, seja em sala de aula ou em qualquer outro ambiente, e repudia fortemente a orientação de cunho fascista feita pelos políticos do PSL e do PSC, partidos que hoje representam os interesses escusos da ultradireita brasileira, quando sabemos que na realidade, toda essa perseguição não passa de máscara para encobrir o real propósito que venha a ser uma escola partidária aos interesses dessa direita retrógrada, que quer regular e inibir o livre pensar.
Por fim, o Suprema adverte ainda e orienta que os professores que se sentirem intimidados, ameaçados e/ou constrangidos no seu papel de educar, que procurem o sindicato para medidas jurídicas, e aos alunos, que não gravem as aulas dos professores, mas façam vídeos mostrando o abandono da escola pública e enviem para os tais deputados. Professores e alunos estão do mesmo lado e devem se proteger mutuamente. Este Sindicato está do lado da Democracia e faz a defesa da liberdade de pensamento, hoje e sempre.