SUPREMA LANÇA COLETIVO LGBTQIAPN+: UMA RODA DE AFETO E RESISTÊNCIA

Na noite de ontem (25 de junho), o SUPREMA abriu suas portas e o coração para acolher o lançamento do Coletivo LGBTQIAPN+ da entidade. A estreia aconteceu numa roda de conversa potente, marcada por relatos, reflexões e caminhos possíveis para o enfrentamento das violências sofridas pela comunidade nas escolas e na sociedade – sala de afetos edição especial LGBT+.

Quem abriu o encontro foi a nossa presidenta Nivia Marques, com uma fala firme e sensível sobre as múltiplas violências que marcam as vivências LGBTQIAPN+, especialmente quando atravessadas por outros marcadores sociais como raça, classe e gênero. “Há pessoas que sofrem todas as violências de uma só vez. Precisamos falar sobre isso com coragem e cuidado”, disse.

Para Glauberto Nascimento, diretor do Suprema, os desafios da vivência LGBTQIAPN+ no ambiente escolar e como, mesmo com pequenos avanços, ainda é arriscado se mostrar. “Hoje me sinto mais seguro para dizer que sou gay na escola, mas isso não significa que o espaço seja acolhedor. Ainda há medo”, afirmou.

Já Deison Webert, também diretor do Suprema, reforçou o compromisso do sindicato com a escuta ativa e a atuação conjunta com a comunidade LGBTQIAPN+. “Nosso papel é ouvir, caminhar junto. Se não estivermos atentos, nossa existência será silenciada”, alertou.

Por sua vez, Renê Dinelli, assessor em saúde mental do Suprema, trouxe à roda uma crítica importante à centralização das pautas LGBTQIAPN+ na vivência do homem gay cis branco, destacando a invisibilização de outras identidades. Ele citou bell hooks e suas “comunidades de resistência” para lembrar que a luta deve ser interseccional e coletiva. “É preciso reconhecer quem acessa mais facilmente os espaços, e quem ainda está sendo deixado de fora”, disse.

Como encaminhamento, a professora Hykka Henrik sugeriu que os participantes do encontro formassem uma rede colaborativa nas escolas dos membros do coletivo, levando a discussão sobre diversidade e respeito para dentro dos espaços educativos — onde o preconceito ainda insiste em se manter.

Entre os pontos debatidos, uma pergunta provocou reflexões profundas: o que fazer, dentro da sala de aula, para desconstruir o preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+? A resposta não é simples — especialmente quando direções escolares só se mobilizam diante de tragédias, e quando formações humanas são rejeitadas por parte dos docentes.

Por fim, ficou o alerta: é preciso nomear corretamente as violências. Muitas vezes, o preconceito LGBTQIAPN+ é reduzido a “bullying”, diluindo o real problema. Dar nome certo às opressões é o primeiro passo para enfrentá-las.

O lançamento do Coletivo LGBTQIAPN+ do SUPREMA foi um chamado à escuta, ao cuidado e à ação política. Que essa seja a primeira de muitas rodas onde possamos resistir e transformar, juntos.