O Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (SUPREMA) realizou, na tarde desta quinta-feira (21 de agosto), o Encontro de Representantes de Base – Por uma Educação Democrática. O encontro reuniu trabalhadoras e trabalhadores da educação para debater os desafios atuais da escola pública e fortalecer a luta por uma gestão educacional participativa e livre de autoritarismo, diante do avanço do modelo de escolas cívico-militares no município.
O evento ocorreu na sede do sindicato, das 13h às 17h, e contou com uma programação marcada por debates, apresentação de pesquisa e lançamento de campanha.
Debate sobre modelo cívico-militar em Maracanaú
A mesa central do encontro trouxe a reflexão: “O modelo cívico-militar em escolas de Maracanaú”, tema que vem despertando grande preocupação entre profissionais da educação e a comunidade escolar.
Antes do debate, a secretária de Saúde do Trabalhador do SUPREMA, Marina Vieira, apresentou os resultados de uma pesquisa aplicada virtualmente sobre a percepção da categoria em relação ao modelo cívico-militar implantado em escolas do município. Os dados apesar de favoráveis ao modelo, evidenciam tensões no cotidiano escolar e apontam a necessidade urgente de aprofundar esse debate de forma crítica.
Na sequência, a professora e doutora em Psicologia Ana Vladia Holanda Cruz, representando o mandato do deputado estadual Renato Roseno (PSOL/CE). Em sua intervenção, ressaltou: “Eu convivo com a violência há muitos anos. Conheço de perto a dor sem nome que atravessa uma mãe ou um pai quando perde um filho. E sei que a criação de escolas cívico-militares não é a solução: ela não enfrenta as raízes da violência, apenas reproduz um modelo que, século após século, já se mostrou ineficaz.”
Também participou o advogado Márcio Alan Menezes Moreira, especialista em Direito Administrativo e do Trabalho, mestre em Direito pela UFC e com ampla atuação em Direitos Humanos e Movimentos Sociais, destacou em sua fala: “A proposta de escola cívico-militar está vinculada a um campo político específico. Quando se pauta no arbítrio, não busca promover uma educação crítica e emancipatória, mas sim limitar o pensamento e a liberdade pedagógica.”
A mesa foi mediada por Valdilene Rocha, secretária de Políticas de Gênero do SUPREMA, que reforçou a importância de trazer os representantes de base para compreender e se posicionar frente às mudanças que impactam diretamente a realidade das escolas municipais.
Lançamento de campanha e edital
Antes do intervalo, o SUPREMA lançou oficialmente a campanha “Por uma Educação Democrática”, reafirmando o compromisso da entidade com a defesa de uma escola pública crítica, plural e livre de autoritarismo.
Na oportunidade, a presidenta do sindicato, Nivia Marques Monteiro, apresentou o 7º Edital “Educar para Libertar: por uma educação democrática, crítica e livre de autoritarismo”, que incentiva docentes a desenvolverem trabalhos e reflexões sobre os impactos do modelo cívico-militar em Maracanaú, fortalecendo a produção crítica e a autonomia pedagógica.
Um espaço de escuta e construção coletiva
O Encontro de Representantes de Base reforçou a importância da mobilização e do diálogo entre educadores e educadoras, oferecendo um espaço para compartilhar experiências, levantar preocupações e fortalecer a organização da categoria em torno de pautas urgentes para a educação local.
Ao final do encontro, a mensagem ficou clara: somente com democracia, participação e respeito à liberdade de ensinar é possível garantir uma educação pública de qualidade para todas e todos.