Suprema denuncia a permanência de servidores nas escolas públicas durante pandemia

O Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema) vem a público repudiar e denunciar mais uma vez a presença de servidores em Educação (gestores, secretários e funcionários da escola) nas escolas, contrariando o isolamento social decretado pelo Governo do Estado e pelo Prefeito de Maracanaú. Sem mencionar que as aulas estão suspensas até maio e que o prefeito Firmo Camurça decretou férias antecipadas nas escolas públicas.

Com base em relatos de servidores, e naquele documento da SME já condenado por este sindicato, que informa escala de atendimento nas escolas, o Sindicato demonstra preocupação com os riscos que esses profissionais estão correndo, ao se exporem ao novo coronavírus desde a saída de sua casa, à pé (pois alguns moram próximos do trabalho), de transporte público/particular e também à violência urbana. Esses profissionais não foram concursados no município para defender patrimônio e nem tomaram vacinas contra a H1N1. Foi feita uma tentativa com o Secretário de Educação que esses servidores públicos pudessem ao menos, tomar a vacina da Influenza, mas pelo protocolo da Saúde, não foi autorizado antes do período, início de maio.

Além da nova distribuição dos kits alimentares, há uma escala feita em sistema de rodízio com a Gestão escolar. Pelo que nos foi relatado por servidores em um questionário, e positivamente, não é o caso de todas as escolas, alguns devem cumprir a carga horária de 6 horas na escola. Das 8h às 14h. Mas qual seria o motivo dessa presença rotineira nas escolas, se nesse momento a mesma não é considerada um serviço essencial?

Considerando o primeiro comunicado da SME, no qual alguém da gestão deve se dirigir à escola, verificar suas dependências e tomar providências considerando a necessidade de cada realidade, e que embora a escola não esteja aberta ao público, deverá ser monitorada continuamente, recomendamos enquanto defensores de nossos colegas servidores e da vida, diante de tantos casos notificados da Covid-19 (confirmados e óbitos que só aumentam), que a Gestão da escola faça a entrega dos kits e verifique os atos administrativos concernentes às suas funções, no mínimo de tempo possível ou quando for estritamente necessário, buscando primeiramente os devidos cuidados com todos os envolvidos, mas priorizar o gozo de férias para todos, ou se preciso, o trabalho home office. Isso vale para os coordenadores e secretários também. Em último caso, ir à escola para resolver pendência de documentos (frequência, listas de alunos, declarações aos pais…), mas de forma alguma, cumprir uma carga horária diária e contínua. Chegou, realizou o trabalho, saiu.

Sugerimos à SME que ao solicitar o cumprimento de demandas às escolas, enviar e-mail com antecedência informando a data para que alguém esteja lá para receber. E que a Gestão escolar disponibilize um telefone para a comunidade se comunicar quando precisar de documentação. Quanto à questão da segurança patrimonial, temos segurança particular com alarmes, guardas municipais e polícia militar para esse fim.

As pessoas estão com medo, crises de ansiedade e em pânico, pelo receio de se contaminarem e faltar leitos de atendimento ou de UTI, com tantos casos confirmados e subnotificações, em Fortaleza, Maracanaú e em toda a região metropolitana. Precisam cuidar de sua saúde física e mental, de cuidar da sua família, e procurar fazerem seu trabalho, da melhor maneira, colaborando com a SME, mas evitando ao máximo essa exposição ao SARS-COV-2.

Gestores e secretários já demonstraram ser colaborativos, eficientes e responsáveis quanto às suas demandas, isso não se pode questionar. Mas que realmente seja imprescindível sair de suas casas e resolver alguma pendência no ambiente de trabalho. Pois seguro não é.

Nesse ponto, nenhum servidor deve sair de casa, se tiver doenças preexistentes, mesmo não tendo mais de 60 anos, tais como diabetes, problemas cardiovasculares, hipertensão e fibromialgia, fazer quimioterapia ou acompanhamento de câncer, doenças autoimunes, ter asma ou rinites alérgicas, sintomas gripais, ou pelo menos três sintomas da covid-19 como dores de cabeça ou de garganta, febre, coriza, ausência de olfato/paladar, tosse ou diarreia. Que nenhum servidor seja obrigado a ir nessas condições ao trabalho, sendo que a denúncia imediata se tornará queixa-criminal por parte desse Sindicato contra quem não respeitar a vida desse profissional e a dos outros.

Todas as escolas devem ter EPIs para seus profissionais. É o mínimo. Segundo a SME, há recurso disponível para a compra de materiais de limpeza como sabão líquido, álcool em gel, máscaras e luvas e que se evitem duas ou mais pessoas próximas dentro do mesmo ambiente. A vida de todos os nossos servidores importam. A vida de toda a comunidade também. Então, todos devem se comprometer a fazer sua parte, no cuidado consigo e com os outros, evitando que as escolas sejam palco de contaminação a todos àqueles que nela precisam estar.

O Suprema orienta aos servidores, que registrem seus horários trabalhados nas férias para posterior compensação, e se ficarem horas cheias durante toda a semana, não recomendado por este Sindicato, solicitaremos ao RH uma ajuda de custo, pois não se deve trabalhar nas férias, gastando seu próprio dinheiro com transporte público, particular e com alimentação.

Neste momento de tão difícil compreensão dessa nova realidade devemos ser parceiros. É um caso de humanidade, de se solidarizar e apoiar a todos na luta contra à COVID-19. Quanto mais pessoas em casa, e principalmente com os números de casos aumentando em Fortaleza e Maracanaú, estamos protegendo a todos os servidores e seus familiares, e com efeito, muitas pessoas. Assim como diminuindo as estatísticas de contágio e necessidade de atendimento da saúde deste município e de Fortaleza que já estão próximas do limite de saturação.

Os gestores e secretários são servidores de Maracanaú e estão de férias, porque para eles não se aplica o isolamento social que tanto o Prefeito Firmo propaga nas suas redes sociais? Compreendemos a questão delicada da entrega das merendas. No entanto, ficar fazendo visita ou cumprindo horas “fiscalizando a natureza” nas escolas, e nas atuais circunstâncias, é inadmissível e incoerente, além de desumano. Solicitamos à SME um posicionamento que seja humanizado e flexível para com os gestores e secretários das escolas que tanto contribuem com a Educação deste município. #TodosNaLutaContraoNovoCoronaVírus

Janaina Santana – vice-presidenta do Suprema