Debate sobre reformas trabalhistas e previdenciária, conjuntura, e desafios do movimento grevista

Não tem como olhar para a greve dos professores de Maracanaú e não ver refletida toda a crise política que o Brasil enfrenta. A turbulência econômica não deixou de causar, entre vários números negativos, recessão e aumento do desemprego. Mas, apesar desse quadro, Maracanaú segue com uma folha de pagamento inchada, enquanto o prefeito alega que tem não como conceder as progressões dos professores, direito assegurado no Plano de Cargos e Carreiras do Magistério.

As expectativas de recuperação da economia do País são sempre frustradas. Os índices e resultados estão sempre maquiados para ludibriar a população brasileira. E para piorar o quadro, o governo instala, com ampla aprovação do Congresso, e tenta vender como saudável uma pauta com arrocho salarial, retirada de direitos, desmonte do Estado, ataques à democracia e até a legalização do trabalho escravo. Todas medidas inseridas nas recentes reformas trabalhista e previdenciária.

Diante dos constantes e violentos ataques sofridos pela população, a consciência de classe acaba sendo um problema recorrente da classe trabalhadora. Uma roda de conversa aberta à população na noite do dia 03 de novembro, na ocupação da Câmara de Maracanaú, levantou temos pertinentes, mas que ainda causam muitas dúvidas, como a escola sem partido.

“A escola sem partido é um projeto absurdo! Primeiro, porque como o próprio Paulo Freire coloca, não há neutralidade na Educação. Na realidade, esse projeto procurar criar uma escola autoritária, conservadora. Essa perspectiva de libertar os alunos por meio da conscientização é o que está sendo combatido. A gente percebe que não há uma neutralidade por trás deste projeto. Estão sim tentando impor uma escola com partido, mas o partido deles, o conservadorismo”, questiona o professor João Fernandes Neto.

A noite contou com a presença de vários movimentos sociais e especialistas, além da diretoria do Suprema. Todos trazem apoio ao movimento paredista da educação básica de Maracanaú e parabenizam à iniciativa que visa à educação da população de uma forma geral.

Para Vicente Flávio, assessor institucional da Fetamce e um dos convidados da noite, “os professores de Maracanaú estão fazendo um movimento que tem um certo ineditismo, porque fazem com toda a força, com toda legitimidade a luta pelas suas reivindicações especificas, mas tem a generosidade de se abrir para a sociedade para discutirem os temas mais comuns para além das suas pautas de reivindicações”.

Já Ailton Lopes (Psol), se solidariza e elogia a ação dos professores em greve. “Em um exercício de cidadania, os professores de Maracanaú estão ocupando a Câmara, espaço público que deveria estar a serviço dos interesses públicos da população. A luta dos professores de Maracanaú é a luta da sociedade maracanauense, no sentido que visa garantir melhores condição de educação.

O também professor ainda acusa a omissão do poder público em não atender ao clamor da classe trabalhadora. “A gente percebe que boa parte dos governos, não só aqui, se utilizam de diversas justificativas para não cumprir acordos firmados com os trabalhadores. O Estado deve atender aos interesses da população e garantir saúde, educação e moradia. E a educação é fundamental porque trabalha com o especto importantíssimo no desenvolvimento das sociedades, que diz respeito a conscientização. E garantir o PCCR, é garantir a perenidade do exercício laboral e da dignidade do conjunto de professores e professoras de Maracanaú”, finaliza.

Toda greve tem o objetivo claro de pressionar, chamar atenção e instruir. Como não poderia ser diferente, os professores em greve de Maracanaú seguem firmes nesta batalha, com este propósito.